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A kind of magic

Textos sobre tudo e sobre nada. No fundo, uma plataforma para reclamar da vida e dos erros ortográficos das pessoas, senão não seria uma aluna de letras.

A kind of magic

Textos sobre tudo e sobre nada. No fundo, uma plataforma para reclamar da vida e dos erros ortográficos das pessoas, senão não seria uma aluna de letras.

26
Mar20

#2 Quarentena: Os Lusíadas - uma epopeia estudantil

B.

A matéria e o programa assinalados,

Que das ocidentais faculdades lusitanas,

Por contágios nunca de antes ultrapassados,

Passaram ainda além das aulas quotidianas,

Em bibliografia e conferências (es)forçadas,

Mais do que prometia o semestre de loucuras mundanas,

E entre trabalho excessivo edificaram

A clássica matéria acumulada, que tantos alunos sublimaram.

 

E também as memórias gloriosas,

Daquelas queimas, que foram acontecendo

A festa, a cerveja, e as noites dispendiosas

De Coimbra e de todo o país que foram desfalecendo;

E aqueles que, por repúblicas valerosas

Se vão da virgindade libertando;

Cantando espalharei por toda a parte,

Se tanto me ajudar a faculdade a não ter um enfarte.

 

Cessem do covid e dos professores

As navegações que estão a criar;

Calem-se os relatórios e trabalhos opressores

Que este mar está, a tantos estudantes, afogar;

Que eu canto o peito ilustre até dos precursores,

A quem a crise académica teve que obedecer:

Cesse tudo o que a faculdade canta,

Que a sanidade mental é um valor mais alto que se alevanta.

17
Mar20

#1 Quarentena: ansiedade, vídeo-aulas e escravatura

B.

(Numa altura crítica como esta, quero apelar não só ao vosso sentido de humor, como também ao vosso bom senso por isso #StayFuckHome)

   A minha quarentena começou na terça-feira (dia 10) quando a UC decretou, à comunicação social, que os alunos iriam ficar em isolamento. Malta, eu soube disto pela CMTV: é óbvio que não acreditei! 🤷‍♀️ Mas passadas umas boas horas a clicar no F5, lá caiu - no meu email - a notificação da quarentena.

   Os meus primeiros dois dias foram, obviamente, para meter o sono em dia - porque isto de fazer o meu próprio horário é muito bonito, mas este semestre entrava quatro dias às 9 da manhã -, mas o terceiro dia, para mim, já era um grande martírio. 😩 Primeiro, porque não sei estar fechada em casa e a minha cabecinha de #ansiolítica para de funcionar quando fica mais de 48h sem ver caras novas e segundo porque os meus professores atulharam os seus riquíssimos alunos de trabalho como se só tivéssemos uma única e exclusiva cadeira. 🤬🤬 Os meus olhos já me pediam socorro por passarem tanto tempo a olhar para o ecrã do computador, mas (como se isso não bastasse) se eu não estivesse no computador, a minha mãe assumia-me como empregada doméstica. 

(todos temos aquela mãe que, quando estamos em casa, nos vê como um escravo não é verdade?)

   Prosseguindo: no quarto dia de quarentena fui para casa do J., porque já não aguentava mais contar os azulejos de minha casa e fizemos uma boa sessão de jogos de tabuleiro e de filmes (não daqueles filmes dos Da Weasel, malta 😏😏). Apesar de todas estas atividades (aparentemente) lúdicas que apenas servem para iludir o pessoal que o tempo está a passar muito lentamente  - mas não tão lento como Janeiro 😒 -, as tarefas da faculdade não abrandaram e quando regressei à base (ao quarto dia de quarentena) tinha a clássica matéria acumulada e uma pirâmide de vídeo-aulas marcadas para ontem 😫😫. Como é que alguém se prepara psicologicamente para ter uma aula às 9 da manhã com uma pessoa que nos avalia? Eu também não sei, mas lá fui eu para mais um episódio icónico da minha vida:

Acordei com o pior aspeto possível e em cima da hora, corri para o computador e nem tive tempo para fazer o xixizinho-matinal. A professora que estava a dar a aula garantiu que ia marcar presenças, por isso não me quis afastar - nem para satisfazer as minhas necessidades fisiológicas (que, por acaso, estavam cada vez mais apertadas). Aproveitei o facto dos meus colegas estarem a ler um texto para dar um saltinho ao meu WC (que até é pertinho do meu quarto) e, quando voltei, ELA TINHA FEITO A CHAMADA E EU NÃO TINHA RESPONDIDO. 🤬

   A aventura do quinto dia e a do sexto estão ela por ela. Eu, na minha grande inocência, pensei que podia (eventualmente) instalar um joguinho no meu computador antigo para ajudar a passar a quarentena e, assim, intercalar com os trabalhos da faculdade.😇 Que atire a primeira pedra quem nunca procurou nada num site pirata para fazer download: tentei instalar jogos da minha infância e parecia estar a correr tudo bem. PA-RE-CI-A. Em vez de instalar um joguinho, instalei montes e montes de vírus, como se o nome-do-vírus-cujo-nome-não-vou-mencionar não bastasse. Pronto! Mas vale aceitar que dói menos...

   Ao sétimo dia dormia tranquilamente numa manhã linda que nenhum de nós pôde desfrutar até que surge um ruídinho de fundo que parecia um terramoto: a minha mãe ficou em quarentena voluntária. Não sei bem o que se passou pela cabeça de todas as mães deste país, mas todas elas decidiram que quarentena é sinónimo de limpeza geral e de pão. Milhares de padeiras surgiram do nada. 🤯🤯

   Concluindo e sintetizando: cancelem a cmtv, cooperem com os vossos professores nas vídeos-chamadas (porque nem um projetor sabem ligar), não instalem jogos piratas e escravos desta vida, vamos protestar contra as mães deste país.

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