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A kind of magic

Textos sobre tudo e sobre nada. No fundo, uma plataforma para reclamar da vida e dos erros ortográficos das pessoas, senão não seria uma aluna de letras.

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Textos sobre tudo e sobre nada. No fundo, uma plataforma para reclamar da vida e dos erros ortográficos das pessoas, senão não seria uma aluna de letras.

03
Fev22

Conversas descarriladas

B.

   Sabem aqueles dias em que corremos de um lado para o outro em piloto automático e só nos apercebemos disso no caminho para o trabalho ou à noitinha quando estamos a sós com os nossos pensamentos?  Pronto, os meus dias têm sido assim. Há uma necessidade constante de distrair o meu cérebro com algo, mas quando a má conselheira chega é um grande martírio. Adiante: desde que mudei de universidade compensa-me mais apanhar o comboio para outra cidade do que levar o meu próprio carro, por isso tenho vivido muito em transportes públicos e estações - mais do que gostaria até.

   Além dos atrasos muito pouco frequentes da CP (cof cof cof), tenho passado parte do tempo a imaginar a vida das pessoas como já sabem, mas pior do que isso é ouvir conversas soltas e tentar criar um fim para aquilo. É como se tivesse a ver uma série e acabasse um episódio a meio e durante o resto do dia fantasio sobre o que iria acontecer a seguir. Por exemplo, a dona Natália (que é uma idosa muito simpática com o nariz dentro da máscara - espécie rara, portanto) é uma das minhas personagens preferidas, porque traz sempre algo surpreendente para contar. Além dos seus cozinhados com aloe vera para curar feridas internas (não sei se isto teria sentido figurado ou não), recordo-me ainda dela falar do episódio em que a filha apanha covid numa zanga com a arqui inimiga. E o pior disto tudo, é que só consegui recolher esta informação, nem percebi se era um combate de cuspo ou se a inimiga era apenas uma pessoa sopinha-de-massa que por acaso também era negacionista. 

   Estas conversas descarriladas ficam a matutar na minha cabeça até aparecer uma melhor (mas vamos admitir: esta vai ser difícil de superar!). Por exemplo, será que a filha da D. Natália se vingou? Será que houve um round 2 com, sei lá, gripe A? Pior: será que ela morreu e a inimiga vai ter que viver com aquela morte na consciência? Questões que realmente importam.

 

 

Bónus: Imaginem este diálogo entre a filha da senhora Natália e S. Pedro quando ela acaba de chegar ao céu.

S. Pedro: Bem-vinda querida filha. Vamos preencher a tua ficha. Qual foi a causa da tua morte?

Ela: Cuspiram-me na cara.

 

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