a máquina de fazer espanhóis: uma história sem metafísica
(Este post contém spoilers)
Não conhecia este livro, mas sempre me despertou interesse – tal como todos os outros livros de Valter Hugo Mãe. Quando o comprei tinha a sensação que precisava mesmo de conhecer aquelas páginas e descobrir o que é, afinal, uma máquina de fazer espanhóis.
A história é em torno da vida de um senhor que fica viúvo e acaba por ir para um lar por vontade da filha, que quer o melhor para o pai. Ao longo da narrativa, VHM vai-nos presenteando com vários nomes conhecidos da literatura (como Álvaro de Campos, Almada Negreiros, entre outros) e também com vários momentos marcantes da história de Portugal (como a ditadura salazarista, por exemplo).
Sem me alongar mais acerca da história em si, quando folheei o livro e me apercebi que não existiam maiúsculas nem marcas de diálogo, verifiquei se tinha na mão um livro de Saramago. Depois de investigar acerca deste modo de escrita, concluí que não é em vão e tem um forte significado subentendido: VHM dizia numa entrevista que as letras em minúsculas representavam a igualdade, mas eu lembrava-me que existia um ou dois capítulos com escrita dita “normal” – e a verdade é que esses capítulos eram acerca dos polícias da PIDE.
Este livro fez-me rir com os delírios dos mais velhos e chorar com a sua solidão. Fez-me ficar triste com a fugacidade da vida, mas feliz com todas as teorias apresentadas para o seu sentido. E agora que sei o motivo que me levou a ler este livro, façam-no também.